O que é o relativismo moral e ético?

Perguntado por: ddavila . Última atualização: 21 de agosto de 2023
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Uma posição relativista é aquela que entende que não há um padrão certo e seguro para determinar-se o valor de qualquer asserção, seja ela moral, seja ela epistemológica etc. O relativismo moral é a aplicação disso na ética: existe certo e errado ou é tudo uma questão de perspectiva cultural?

O relativismo moral é a ausência de definições sobre valores objetivos e universais, é a negação de que existe uma verdade para todos. O certo e o errado tornam-se conceitos vagos que variam de pessoa para pessoa, de acordo com sua cultura e criação.

O relativismo ético é uma das posturas éticas mais generalizadas, tanto ao nível acadêmico como no cotidiano de todos nós. Traduz-se basicamente na consideração de que o meu juízo moral não é superior ao dos outros e como tal não o devo impor. Todos os juízos morais são assim equivalentes.

Relativismo é uma corrente de pensamento que questiona as verdades universais do homem, tornando o conhecimento subjetivo. O ato de relativizar é considerar questões cognitivas, morais e culturais acima do que se considera verdade. Ou seja, o meio que se vive é determinante para construir essas concepções.

Principais características do relativismo
O saber é condicionado pela cultura, pela moral e pelos preconceitos de cada indivíduo. Por exemplo: algo é verdadeiro em uma determinada cultura, mas em outra é considerado falso devido a crenças e costumes que condicionam a definição de conceitos.

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.

De forma resumida, as diferenças entre os dois termos são: A moral prevê certo e errado; a ética prevê bem e mal. A moral é uma conduta específica e normativa; valores éticos são princípios, frutos de reflexão sobre ações e normas de conduta. Norma é cultural e temporal; valor é universal e atemporal.

Por exemplo, o abate de animais pode ser visto racionalmente como “mal”, uma vez que esses animais são abatidos contra a sua vontade, contudo a necessidade da sociedade em consumir tais animais para suprir a necessidade nutricional acaba caracterizando essa prática como “bem” validando assim o ato.

O relativismo é o conceito de que os pontos de vista não têm uma verdade absoluta ou validade intrínsecas, mas eles têm apenas um valor relativo, subjetivo, e de acordo com diferenças na percepção e consideração.

O relativismo ético conclui que a moral está bem influenciada pelos convencionalismos sociais, estes que determinam a cultura e os costumes de uma comunidade. A partir deste ponto de vista, para compreender a moral de um povo é importante atender suas próprias tradições.

Desde a Antiguidade, com o filósofo Protágoras de Abdera, havia uma escola filosófica que defendia essa visão. No final do século XIX, a fim de rechaçar o etnocentrismo e o positivismo, a ideia de relativismo cultural ganhou força, através das obras de Franz Boas (1858-1942).

O relativismo cultural é importante para que as culturas não sejam estratificadas em camadas hierárquicas, como se existisse “cultura pior” e “cultura melhor”. O relativismo cultural é importante na prática do “olhar o outro” sem, contudo, olhar a partir de “onde estamos”.

Franz Boas foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Pai da antropologia norte-americana, pioneiro do método etnográfico e da noção relativista e plural de cultura.

Desse modo, o relativismo cultural nos faz perceber as diferenças como uma diversidade possível, e não como algo inferior ou mesmo que deveria ser eliminado. Cada cultura percebe e age em relação ao mundo de maneira diferente. Consequentemente, não há melhor ou pior.

O relativismo ético coloca no mesmo plano todas as escolhas morais e, portanto, não sabe mais estabelecer uma hierarquia entre as ações do ponto de vista do bem e do mal. O relativismo religioso coloca no mesmo plano todas as religiões – considerando-as todas como expressões de um “espiritualismo” geral.