Como era a agricultura familiar no Brasil?

Perguntado por: mnovais . Última atualização: 20 de julho de 2023
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Nesse contexto, parece ser possível afirmar que a agricultura familiar no Brasil surge como uma forma de produção alternativa à monocultura e ao latifúndio do período colonial fortalecendo-se com os impactos sociais, culturais e ambientais ocasionados pela “revolução verde” a partir da década de 1950.

Agricultura familiar é uma modalidade de agricultura na qual o grupo familiar representa mais da metade da mão de obra que trabalha na propriedade rural. A gestão do estabelecimento é realizada também pela mesma família. É praticada em pequenas propriedades, com dimensões entre 1 e 4 módulos fiscais.

São características desse modelo a pequena propriedade de terra, a utilização de mão de obra familiar e a produção destinada ao mercado interno. O Brasil possui diversos produtores familiares que são responsáveis pelo abastecimento alimentar de grande parte do país.

Nesse período, a atividade era baseada na monocultura, mão de obra escrava e grandes latifúndios. Por isso, ficava restrita ao cultivo de cana e algumas culturas para fins de subsistência da população da região.

A agricultura familiar ajuda na criação de renda e emprego na área rural, e ainda eleva o nível de sustentabilidade das atividades no setor agrícola. Dessa forma, a qualidade dos produtos é melhor que os convencionais, que são produzidos com uma grande quantidade de agrotóxicos.

A terminologia agricultura familiar se consolidou no Brasil na década de 1990, abarca diversas identidades e caracteriza-se como um segmento onde existe interligação entre unidade familiar e unidade de produção, onde a principal fonte de renda provém da agricultura.

Ainda segundo o Censo, a agricultura familiar produz 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz e 21% do trigo do Brasil. Na pecuária, é responsável por 60% da produção de leite, além de 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos do país.

As principais dificuldades relatadas pelos produtores foram, por ordem de importância: (1) incidência de pragas e doenças; (2) aquisição de mudas; (3) custo de embalagens; (4) necessidade de mão-de-obra; e (5) custos de produção elevados.

A agricultura familiar concentra-se nas Regiões Sul, Nordeste e Sudeste do Brasil, onde a área relativa ocupada por esta- belecimentos familiares é maior (23,12%, 18.036% e 12,92%, respectivamente).

No Brasil, o marco inicial da atividade foi no século XVI com o cultivo da cana-de-açúcar no Nordeste e a criação das Capitanias Hereditárias. A monocultura era a base da época e outras culturas eram cultivadas apenas para a subsistência.

Breve histórico da produção de grãos no Brasil
Na década de 50 e 60 a agricultura brasileira era rudimentar, sem qualquer tecnologia ou informação, prevalecendo o trabalho braçal na produção agropecuária. Além disso, a capacidade de gerar e desenvolver novas variedades de altos rendimentos era muito limitada.

Na época, plantavam feijão, arroz, milho, cebola, vagem, ervilha e tomate, além de manterem uma pequena horta, um pomar com frutas e pequenos animais: porcos, galinhas e uma vaca para obter leite e fazer queijo para o consumo da família.

Muitas vezes, a agricultura familiar vai conciliar a produção vendida ao mercado com a produção de subsistência, o que garante ao setor uma alta diversidade produtiva. Nestes modelos, a gestão é compartilhada pela a família, e esta passa a ser sua principal fonte de renda.

A agricultura familiar beneficia o campo ambiental, por adotar práticas ambientais mais sustentáveis em função da produção em pequena escala. O que permite a adoção de sistemas produtivos muito mais eficientes que se utilizam de menos energia fóssil e muito mais energia renovável.