Como surgiu a milícia no Rio de Janeiro?

Perguntado por: oespinosa . Última atualização: 19 de julho de 2023
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Segundo Rodrigo Pimentel, a intenção inicial era levar segurança aos lugares dominados pelo tráfico, agindo sem as limitações que o governo impõe aos seus agentes de segurança. Certas regiões da cidade do Rio de Janeiro são dominadas por traficantes muito bem armados, que conseguem impedir o acesso do Estado.

As milícias surgiram na década de 1960, mas se proliferaram nos anos 2000. Policiais e ex-policiais corruptos passaram a “oferecer segurança” nas comunidades sob o pretexto de “resguardar” os moradores do tráfico, a quem se opunham com muita violência. A “taxa de proteção” era apenas uma forma de exploração.

Jerominho e o irmão Natalino Guimarães, que foi deputado estadual e também policial civil, ficaram presos entre 2007 e 2018 e são apontados como fundadores da primeira milícia do Rio de Janeiro, a Liga da Justiça, criada na zona oeste.

Os primeiros grupos de milícias formados por policiais militares e outros agentes de segurança pública que se têm registro no Brasil, foram criados durante a ditadura militar (1964-1985). Eles tinham como justificativa o combate ao avanço do crime organizado e do tráfico de drogas nas grandes metrópoles.

Jerônimo Guimarães Filho

A milícia —fundada segundo a Polícia Civil por Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, ex-vereador do Rio morto no último dia 4 por homens encapuzados que fugiram em um carro— começou atuando de forma concentrada, com foco na exploração de transporte clandestino e intermediações de ocupações urbanas.

São as chamadas “milícias”, que, segundo os mais importantes jornais da cidade, seriam organizações formadas primordialmente por policiais e bombeiros militares, além de guardas penitenciários – ativos ou aposentados –, que garantem a segurança de moradores de algumas vizinhanças em troca de uma taxa mensal.

Liga da Justiça (milícia)

A Liga da Justiça é a maior e mais conhecida facção de milicianos do Rio de Janeiro. O seu nome é uma referência ao grupo de super-heróis dos quadrinhos chamado Liga da Justiça, da DC Comics. Seu símbolo é o escudo do personagem dos quadrinhos Batman.

Os problemas trazidos pelas milícias para a segurança pública são evidentes até para observadores mais desatentos. Execuções sumárias, ameaças, extorsão e exploração de bens e serviços envolvendo operados pela milícia são noticiados todos os dias.

Considerada a maior milícia do país, o Bonde do Zinho tem um verdadeiro arsenal de guerra para subjugar moradores, comerciantes e empresários em boa parte da Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde fincou domínio em dezesseis bairros, ocupados por mais de 1 milhão de habitantes.

Dalmir seria, ainda de acordo com os investigadores, o ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa. Preso em janeiro de 2020, em um desdobramento da Intocáveis, ele também é tido como um dos chefes do grupo militar que domina Rio das Pedras.

A estimativa é que o tamanho da população dominada por grupos milicianos seja de 1,7 milhão. Apenas na capital fluminense, 74,2% da área é dominada pelas milícias. De três a cada quatro grupos armados são de paramilitares.

Originalmente, as milícias seriam grupos formados por policiais, ex-policiais, bombeiros e agentes penitenciários com treinamento militar. Esses grupos diziam proteger e dar segurança a regiões que poderiam se tornar alvo de traficantes.

organizações militares ou paramilitares compostas por cidadãos comuns armados que, teoricamente, não integram as forças armadas de um país.