Porque a segregação pode aumentar a violência?

Perguntado por: imoreira . Última atualização: 19 de julho de 2023
4.5 / 5 19 votos

A segregação tende a enfraquecer as relações sociais, o contato com o diferente e a tolerância. Com isso vem a violência. A segregação espacial aumenta a sensação de desigualdade e pode contribuir para uma maior violência urbana.

A desigualdade social é um dos fatores que agravam quadros de violência. Os homicídios concentram-se em bairros pobres e atingem, em proporção muito maior, a população pobre. A situação é ainda mais preocupante quando se conjugam a desigualdade e o racismo.

Em decorrência da segregação socioespacial, ocorre a divisão de classes sociais, bem como e marginalização dos mais carentes, o que impulsiona a elevação dos índices de desigualdades.

Em uma cidade com alto nível de desigualdade, a segregação espacial pode limitar os recursos e serviços localmente disponíveis especialmente para os pobres, e diminuir os ganhos das interações sociais no ambiente urbano, além de uma oferta mais limitada no que diz respeito a serviços como educação e saúde em comparação ...

A segregação socioespacial é um processo que fragmenta as classes sociais em espaços distintos da cidade. Nesse sentido, o cotidiano das pessoas que habitam esses lugares é marcado pela insegurança, violência, moradias precárias, falta de infraestrutura e acesso aos serviços básicos e ao lazer.

O quadro de extrema desigualdade citado no exemplo acima, tão comum no Brasil, está entre as principais causas da violência entre jovens, segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). "A desigualdade social está entre as maiores causas da violência entre jovens no Brasil.

Apesar da desigualdade socioeconômica e de crimes contra o patrimônio não serem necessariamente uma relação de causa e efeito, o crescimento da violência é uma tendência do reflexo do aumento da fome e de pessoas em situação de pobreza.

A segregação vai estar ligada, portanto, ao uso e ao preço do solo urbano, fazendo com que a população de camadas sociais mais baixas more em lugares longínquos do centro. Assim, existe a dificuldade de acesso aos bens e serviços do espaço urbano. Esse fenômeno é facilmente perceptível na paisagem urbana.

Uma das principais causas da segregação socioespacial é a desigualdade de renda. Quando uma parcela significativa da população tem uma renda muito baixa, ela se concentra em áreas mais afastadas do centro da cidade, onde os imóveis são mais baratos.

A manutenção da segregação da população negra baseou-se na ausência de políticas públicas de combate ao racismo e às desigualdades, centradas e focadas nos territórios de desigualdades raciais nas cidades brasileiras, sobretudo nas capitais de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

É através da desigualdade social que se estabelece a segregação socioespacial dentro das cidades como uma expressão geográfica. A segregação residencial consiste no aglomerado de classes sociais distintas no meio urbano, com a ocupação de cada espaços por uma classe distinta.

A concentração de pessoas de baixa renda, com menores oportunidades de emprego e de crescimento em áreas periféricas demonstra como a desigualdade espacial também condiciona o acesso a direitos básicos. São exemplos a educação, saúde e saneamento básico.