O que a neurociência diz sobre a letra cursiva?

Perguntado por: ejesus . Última atualização: 17 de julho de 2023
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A complexidade de movimentos envolvidos ao mentalizar a escrita cursiva é captada no cérebro. Como ela é muito maior do que na escrita de letras de forma, isso facilita a aprendizagem da máquina, tornando-a muito mais eficaz do que suas antecessoras.

“A letra cursiva melhora a coordenação motora fina, isto é, ao aprender e praticar a execução do traçado correto da letra que é própria de sua identidade, a criança também desenvolve noções de orientação espacial”, explica a educadora.

“A letra cursiva estimula o cérebro de uma forma que a digitação e a letra bastão não conseguem”, diz Janaína Spolidorio, especialista em neuroeducação. Segundo ela, a letra cursiva consegue melhorar as conexões neurais do cérebro das crianças.

(BNCC, p. 90). Ou seja, independentemente das concepções pedagógicas quanto ao seu ensino, tem-se um documento legal que estabelece que a escrita cursiva seja ensinada.

A justificativa utilizada é que há outras formas de se treinar a coordenação motora. No entanto, o ensino da letra cursiva vai muito mais além do aspecto motor, uma vez que a partir do fundamental o aluno terá que demonstrar tal habilidade. Sem contar que é comum o seu uso durante a vida adulta.

Escrever com a letra cursiva é importante não apenas para a produção de letras legíveis. Durante esse processo, usamos áreas motoras do nosso cérebro de planejamento e controle motor, de percepções visuais e associadas ao processamento da linguagem.

Qual a idade para iniciar o ensino da letra cursiva
Além disso, a maioria das escolas começa a ensinar escrita cursiva na terceira série ou quando os alunos têm 8 anos.

O neurocientista canadense Norman Doidge defende a ideia de que a escrita cursiva exige maior esforço de integração entre áreas simbólicas e motoras do cérebro. Portanto, é mais eficiente do que a letra de forma, que, de acordo com o pesquisador, pode prejudicar o desenvolvimento psicomotor da criança.

A letra cursiva não tem essa desvantagem porque cada letra tem um “rabinho” que se conecta com a outra letra e automaticamente elas ficam todas juntas, muito mais juntas que a letra de fôrma; por isso a letra cursiva garante melhor aproveitamento do espaço na folha.

A capacidade do aluno de descobrir seus próprios caminhos para a alfabetização e o treinamento da escrita passou a ganhar espaço. Exercícios considerados mecânicos foram desacreditados e, assim, os cadernos de caligrafia caíram em desuso até quase desaparecer.

Importância da letra cursiva
Ou seja, quando a criança está escrevendo em letra cursiva, possibilita a criação de novas conexões cerebrais, as quais chamamos sinapses, responsáveis por transmitir informações de uma célula para outra, possibilitando novas aprendizagens.

Atividades ajudam a estimular o desenvolvimento motor, o senso de espaço, movimento e percepção que ajudam na construção da escrita e da leitura.

Outra maneira criativa de trabalhar a letra cursiva na educação infantil é contar histórias e, em seguida, pedir que as crianças escrevam algumas palavras que acabaram de ouvir. Conforme as habilidades de escrita forem evoluindo, elas podem passar a escrever frases inteiras sobre as histórias.

Este é o primeiro ano em que a Finlândia, país que é referência mundial em Educação, torna facultativo o ensino da caligrafia substituindo as aulas de letra cursiva por lições de digitação. O país não está sozinho: alguns estados dos EUA, a Alemanha e o Japão já priorizam a letra de forma e os meios tecnológicos.

O uso da letra manuscrita iniciou-se na França, durante o reinado de Luís XIV, época em que o país dominava quase toda a Europa. A letra manuscrita francesa chamava-se rondé, era vertical e semelhante à letra gótica no seu início.