Porque o hospital de Barbacena fechou?

Perguntado por: acorte . Última atualização: 19 de julho de 2023
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As condições de vida dentro da instituição eram sub-humanas. O psiquiatra italiano Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979, chegou a comparar o local a um campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato.

Pelo menos em Barbacena. Na cidade do Holocausto brasileiro, mais de 60 mil pessoas perderam a vida no Hospital Colônia, sendo 1.853 corpos vendidos para 17 faculdades de medicina até o início dos anos 1980, um comércio que incluía ainda a negociação de peças anatômicas, como fígado e coração, além de esqueletos.

No ano de 1903, o Hospital Colônia de Barbacena — a “prisão” denunciada no canto da Sueli — abriu as suas portas, com o apoio da Igreja Católica e da sociedade contemporânea (ARBEX, 2013, p. 31). Presente de grego, a instituição psiquiátrica — à letra, “o cemitério dos vivos” (BARRETO, 2017, p.

De 1903 a até o início da década de 1990, Barbacena conta com sete hospitais psiquiátricos e uma capacidade de oferta de 7000 leitos psiquiátricos. Esse município de clima ameno de montanha, com temperaturas médias baixas para os padrões brasileiros, recebeu a alcunha de “Cidade dos Loucos” durante longos anos.

Hoje, o local abriga o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e conta com 171 pacientes em regime de internação de longa permanência. Mesmo com o fim do manicômio, eles continuaram internados porque não tinham vínculo familiar nem para onde ir.

O psiquiatra italiano Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979, chegou a comparar o local a um campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato. O fechamento do Colônia só ocorreria anos mais tarde, durante a década de 1980.

Na tragédia brasileira de Barbacena, os pacientes internados à força foram submetidos ao frio, à fome e a doenças. Foram torturados, violentados e mortos. Seus cadáveres foram vendidos para faculdades de medicina, e as ossadas comercializadas.

Segundo o livro Holocausto Brasileiro, lançado em 2013 pela jornalista Daniela Arbex, o descaso que acompanhava a política de internação compulsória para pacientes com transtornos mentais em manicômios resultou na morte de cerca de 60 mil pessoas, expostas ao frio, à fome e à tortura.

O maior do Brasil foi o Colônia, que começou a funcionar em 1903, em Barbacena, Minas Gerais. Lá, pelo menos 60 mil pessoas perderam a vida numa trajetória de quase um século de desrespeitos aos direitos humanos.

Seus cadáveres, então, eram vendidos para faculdades de medicina. Foram 1 853 corpos, descritos como “peças” nos prontuários da instituição e comercializados entre 1969 e 1980. O restante era enterrado em valas comuns no cemitério, hoje desativado, anexo ao manicômio. “Infelizmente, o Hospital Colônia não era exceção.

Em geral, além de doentes mentais, o Manicômio de Barbacena tinha como alvo indivíduos que desviavam dos padrões desejados pela sociedade elitista brasileira, como prisioneiros políticos, homossexuais, indigentes, prostitutas, pobres e minorias étnicas, sendo que praticamente 70% dos pacientes não apresentavam ...

Para tanto, analisarei as fotografias do episódio de genocídio de pacientes psiquiátricos que ocorreu durante cinco décadas dentro do Hospital Colônia, o Manicômio de Barbacena-Minas Gerais, que dizimou 60 mil pessoas.

Barbacena é conhecida em todo o Brasil e também no exterior como a "Cidade das Rosas", em função da grande produção local desta flor. No Brasil, o município também é conhecido como a "Cidade dos Loucos", pelo grande número de hospitais psiquiátricos instalados no local.

No início eram mantidos em delegacias ou nas ruas para garantir o bem-estar da sociedade. Porém, quando a ferrovia ficou pronta, em 1930, eles passaram a ser realocados em um dos vagões do trem que rumava para o hospital de Barbacena, mais conhecido como "Campo de concentração brasileiro". Era este o "trem de doido".

No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma doença orgânica.

Estima-se que 70% dos internados não apresentavam registro de doença mental. Eram gays, alcoólatras, militantes políticos, mães solteiras, mendigos, negros, pobres, índios, pessoas sem documento etc. De hospital psiquiátrico, a instituição virou depósito de gente indesejada.