Quantos corpos foram vendidos no Holocausto Brasileiro?

Perguntado por: emoraes . Última atualização: 19 de julho de 2023
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Seus cadáveres, então, eram vendidos para faculdades de medicina. Foram 1 853 corpos, descritos como “peças” nos prontuários da instituição e comercializados entre 1969 e 1980. O restante era enterrado em valas comuns no cemitério, hoje desativado, anexo ao manicômio. “Infelizmente, o Hospital Colônia não era exceção.

O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.

De acordo com a jornalista Daniela Arbex, autora da publicação, a vida dos internos do Colônia envolvia “um cotidiano de muita limitação, de frio, de fome, de maus tratos físicos e tortura psicológica”. Os pacientes, que muitas vezes eram internados sem qualquer critério, eram os excluídos da sociedade.

Os pacientes internados eram submetidos a todo tipo de tortura: eram violentados, passavam frio e fome. Nem roupas eram fornecidas para os pacientes, que andavam quase nus. Poucos conseguiam alguns trapos para se vestir. Em noites de frio, chegaram a ser registradas 60 mortes.

O psiquiatra italiano Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979, chegou a comparar o local a um campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato. O fechamento do Colônia só ocorreria anos mais tarde, durante a década de 1980.

De 1903 a até o início da década de 1990, Barbacena conta com sete hospitais psiquiátricos e uma capacidade de oferta de 7000 leitos psiquiátricos.

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O maior do Brasil foi o Colônia, que começou a funcionar em 1903, em Barbacena, Minas Gerais.

Hoje, o local abriga o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e conta com 171 pacientes em regime de internação de longa permanência. Mesmo com o fim do manicômio, eles continuaram internados porque não tinham vínculo familiar nem para onde ir.

Hospital Colônia de Barbacena

Seriado sobre o Hospital Colônia de Barbacena, que já foi o maior hospício do Brasil, é baseado em livro da jornalista Daniela Arbex. O bombeiro João Bosco Siqueira, de 55 anos, cresceu acreditando que tinha sido abandonado ainda bebê.

Para tanto, analisarei as fotografias do episódio de genocídio de pacientes psiquiátricos que ocorreu durante cinco décadas dentro do Hospital Colônia, o Manicômio de Barbacena-Minas Gerais, que dizimou 60 mil pessoas.

Na tragédia brasileira de Barbacena, os pacientes internados à força foram submetidos ao frio, à fome e a doenças. Foram torturados, violentados e mortos. Seus cadáveres foram vendidos para faculdades de medicina, e as ossadas comercializadas.

E nem mesmo depois de mortos tiveram piedade deles. Os cadáveres de mais de 1.800 pacientes foram vendidos para universidades até os anos setenta. O resto era levado em um carrinho até o cemitério para ser jogado em valas comuns.

No início eram mantidos em delegacias ou nas ruas para garantir o bem-estar da sociedade. Porém, quando a ferrovia ficou pronta, em 1930, eles passaram a ser realocados em um dos vagões do trem que rumava para o hospital de Barbacena, mais conhecido como "Campo de concentração brasileiro". Era este o "trem de doido".

No final da década de 70, o psiquiatra Ronaldo Simões, então chefe do Serviço Psiquiátrico da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais denunciou as atrocidades co- metidas no Colônia no III Congresso Mineiro de Psiquiatria (revelou, por exemplo, que havia um psiquiatra para 400 doentes), o que lhe custou o cargo.

No ano de 1903, o Hospital Colônia de Barbacena — a “prisão” denunciada no canto da Sueli — abriu as suas portas, com o apoio da Igreja Católica e da sociedade contemporânea (ARBEX, 2013, p. 31). Presente de grego, a instituição psiquiátrica — à letra, “o cemitério dos vivos” (BARRETO, 2017, p.